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Titre
A financeirização do circuito imobiliário como rearranjo escalar do processo de urbanização
Sujet
Financialization; Real estate market; Rescaling; Production of scale
Brasil / Brésil
Financiarisation ; marché immobilier ; réaménagement scalaire ; production de l’échelle.
Financeirização; Mercado imobiliário; Reordenamento escalar; Produção da escala.
Description
Durant les cinq à dix dernières années, les offres et les ventes du marché immobilier résidentiel ont connu une croissance exceptionnelle et, par voie de conséquence, commencé à modifier le paysage des métropoles brésiliennes. Cette croissance a été stimulée par un entrelacement sans précédent du système financier avec le circuit de production et de consommation du cadre bâti urbain dans le pays. Les auteurs qui se penchent sur ce phénomène sont nombreux à tenter de l’interpréter à la lumière du mouvement de financiarisation de l’économie, envisagé comme une expression du pouvoir accru des investisseurs financiers soucieux de valoriser leur capital avec la transformation de l’espace urbain. Ce travail vise à contribuer au débat en cours en montrant que le processus de financiarisation, qui touche le marché immobilier brésilien depuis quelques années, a produit un réaménagement des relations entre les échelles socio-spatiales. La première partie de l’étude propose une vision panoramique des transformations des transactions immobilières issues de l’articulation avec le système financier. La deuxième partie se base sur une série d’entretiens réalisés entre 2011 et 2012 et sur des relevés de données relatives au secteur en question, pour distinguer les types de rapports entre agents de différentes échelles socio-spatiales. Dans ce mouvement, l’articulation entre échelle mondiale et échelle nationale est illustrée par le besoin des promoteurs à faire preuve de plus de « transparence » au niveau de leurs activités afin de pouvoir intégrer le portefeuille des grands investisseurs institutionnels étrangers. Quant aux liens entre échelle nationale et échelle locale, ils sont envisagés comme le fruit de partenariats établis entre les grands promoteurs immobiliers financiarisés et les petits et moyens constructeurs/promoteurs régionaux. Dans les deux cas, l’objectif est de souligner les mises à distance et les tensions résultant du rapprochement d’agents expressifs de logiques spatio-temporelles dissemblables. Partant de là, l’échelle géographique n’est pas vue comme une dimension étanche du processus social ; au contraire, elle est produite et transformée socialement et, en tant que telle, intériorise des tensions et des contradictions sociales. Finalement, l’accent est mis sur l’importance de la construction de liens scalaires pour la reproduction du pouvoir des finances dans l’actualité.
Over the past five to ten years, Brazil’s residential real estate market has experienced a marked expansion both in terms of housing starts and sales. This expansion, which has rapidly transformed Brazilian cities, was spurred by an unprecedented intertwining of the financial markets and the production/consumption of the urban built environment in the country. In the wake of this process, many scholars have interpreted these changes as representative of the financialization of the economy, since it expresses financial investors’ growing ability to derive income from changes in the urban space. This paper attempts to contribute to this ongoing debate by arguing that the process of financialization, which in the past few years has taken hold of the property sector in Brazil, has caused a restructuring of the links between socio-spatial scales. In the first part, we have provided an overview of the changes that have taken place in the real estate business as an outcome of its connections with the financial system. In the second part, based on a set of interviews conducted between 2011 and 2012 and on data collected about the sector, we have brought attention to the types of articulation between agents operating at different socio-spatial scales. In this analysis, the articulation between the global and the national scales is illustrated by developers’ need to make their businesses more “transparent” in order that the papers they issue in financial markets can be aggregated to the portfolio of large foreign institutional investors. The linkages between the national and the local scales, in terms, are examined here as resulting from the partnerships established between large, financialized developers and regional small and medium-sized builders. In both cases, we have attempted to shed light on the disagreements and tensions that have resulted from the convergence of agents that embody distinct socio-spatial logics, thus demonstrating that the geographical scale, far from being a fixed dimension of social relations, is itself socially produced and changed and, because of that, it internalizes tensions and contradictions. The paper concludes by highlighting the importance of the construction of scalar linkages for the reproduction of financial power.
Nos últimos cinco a dez anos, o setor imobiliário residencial no Brasil registrou uma expansão extraordinária em termos de lançamentos e vendas. Essa expansão, que vem transformando rapidamente as metrópoles brasileiras, foi impelida por um entrelaçamento sem precedentes do sistema financeiro com o circuito de produção e consumo do ambiente construído urbano no país. Na esteira desse fenômeno, muitos autores vêm tentando interpretar essas transformações à luz do movimento de financeirização da economia, como uma expressão do poder redobrado dos investidores financeiros em obter rendimentos com a transformação do espaço urbano. Esse trabalho pretende contribuir para esse debate em curso argumentando que o processo de financeirização, que nos últimos anos atingiu os negócios imobiliários no Brasil, produziu um reordenamento dos vínculos entre as escalas geográficas. A primeira parte do trabalho dedica-se, assim, a proporcionar uma visão panorâmica das transformações ocorridas nos negócios imobiliários como fruto da articulação com o sistema financeiro. Na segunda parte, apoiando-nos em uma gama de entrevistas realizadas entre 2011 e 2012 e em levantamentos de dados sobre o setor em questão, procuramos colocar em destaque as formas de articulação entre agentes situados em diferentes escalas socioespaciais. Nesse movimento, a articulação entre a escala global e a escala nacional é ilustrada pela necessidade das incorporadoras de tornarem suas atividades mais “transparentes” a fim de que seus papéis possam ser agregados ao portfólio de grandes investidores institucionais estrangeiros. Os vínculos entre a escala nacional e a local, por sua vez, são examinados como fruto do estabelecimento de parcerias entre as grandes incorporadoras financeirizadas e construtoras/incorporadoras pequenas e médias regionais. Em ambos os casos, procuramos colocar em evidência os desencontros e as tensões que resultam da aproximação de agentes expressivos de lógicas espaço-temporais díspares, demonstrando que a escala geográfica, longe de ser uma dimensão estanque do processo social, é produzida e transformada socialmente e, enquanto tal, internaliza tensões e contradições sociais. O trabalho realça, em sua conclusão, a importância da construção de nexos escalares para a reprodução do poder das finanças na atualidade.
Créateur
Sanfelici, Daniel de Mello
Date
2013-07-22
Langue
fr
Type
article
Identifiant
http://confins.revues.org/8494